Julga-me tu
- Lulie Amirah
- 5 de jan. de 2019
- 2 min de leitura
Atualizado: 4 de fev. de 2019
Performance corpo-emocional

“Ficou marcado em minha pele cada julgamento
Cada acolhimento
Queria tatuar cada palavra
Cada lágrima
Cada sentimento
Para que o banho não dissolvesse
Parte do que sou
Parte que me sinto
Agradeço, aceito, retribuo
Nenhuma certeza
Cada olhar, todo sorriso.” 20 de Abril de 2014
Você já se sentiu julgado? Você já se percebeu julgando?
Como você se sente em relação ao que os outros pensam sobre você?
Quanto o que você imagina que as pessoas pensam a seu respeito moldam ou influenciam suas escolhas e atitudes?
Eu já me senti extremamente vulnerável às minhas projeções sobre como eu era ou seria vista, percebida, "julgada" pelas pessoas.
Em diversos momentos me vi completamente moldada, buscando agir de um modo mais adequado, aceitável, admirável, buscando atender parâmetros "totalmente externos" de adequação, agradabilidade, sucesso e competência.
Passei tanto tempo me preocupando com o que as pessoas pensavam sobre minhas escolhas e atitudes, até que me dei conta que não se tratava das pessoas.
Nada era de fato pelo outro.
Todo o julgamento que eu sentia emergia de dentro de mim.
Em 2014 tive algumas vivências pessoais que me colocaram realmente de frente com as imagens que eu criava e sustentava ao meu respeito.
E num desses auto-confrontos emergiu uma grande vontade de experienciar de fato isso que vinha me tirando o sono.
E se eu me colocasse realmente disponível ao olhar alheio, e se eu me fizesse vista, como eu seria de fato julgada, percebida, sentida, classificada...
E na escolha de encarar com verdade o que me instigava e sufocava paralelamente me coloquei em uma das situações mais inusitadas já experimentadas.
Julga-me-tu foi uma performance artística realizada no Hall da UDESC - Universidade do Estado de Santa Catarina, originada em motivação pela disciplina Multimeios ministrada por Jorge Menna Barreto, em que eu me coloquei nua em uma cadeira dentro de um espaço delimitado por fita de isolamento, na entrada desse espaço havia as seguintes coordenadas:
1- Caminhe sozinho até a pessoa com quem deseja interagir.
2- Em silêncio, sente-se na cadeira que está a sua frente.
3- Continue em silêncio e apenas observe-a por aproximadamente um minuto.
4- Após observar, escreva em alguma parte do seu corpo a impressão que mais te marcou (o que acha delx?).
5- Após escrever, entregue a caneta a elx para que também registre em você a impressão que teve de ti.
Para além de qualquer julgamento essa experiência foi sem dúvidas o início de um profundo sentir de inteireza e pertencimento. O ponto de partida para inúmeras vivências e propostas artísticas em envolvimento direto entre público e experiência. Sinta um pouco do que foi experimentado nos registros a seguir:
Comentários